Divergências entre idéias marcaram a I Semana UFF de Jornalismo

Há apenas nove dias em que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e mais nove governadores foram eleitos, o tema de abertura da I Semana UFF de Jornalismo, realizada entres os dias 9 e 11 de novembro, foi sobre a cobertura política no cotidiano e durante as eleições. A presença de profissionais da área de comunicação com opiniões divergentes mostrou que o nome do evento foi bem escolhido: controversas.


Ao participar da primeira mesa, Chico Otávio, editor de política do jornal “O Globo”, não concordou com a posição de Paula Máiran, assessora do deputado Marcelo Freixo, sobre a censura imposta aos jornalistas pelos donos dos jornais, que decidem, segundo Máiran, o que pode ou não ser divulgado. Para o editor, mesmo que essa fosse a vontade dos donos, seria impossível que os empresários pudessem verificar tudo antes de ser publicado.

Máiran ainda criticou a imprensa de, durante as eleições, se concentrar em apenas alguns candidatos, como aconteceu nos últimos meses em que a mídia hegemônica pauto-se nos até então candidatos José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT), o que favoreceu para que muitos eleitores acreditassem que havia somente esses candidatos – destacou a assessora, que vê como exceção, a cobertura feita pela imprensa do ex-candidato à presidência Plínio de Arruda (PSOL), já que Plínio conseguiu mobilizar o público de uma forma que a imprensa não tinha como ignorar o candidato – concluiu Máiran.

No segundo dia, as controversas fizeram parte da mesa sobre o mercado de trabalho. Desviando do tema proposto, Solange Duarte, editora do jornal “O Globo”, e Marianna Araújo, repórter do “Observatório das Favelas”, discordaram entre si sobre a cobertura feita pelos maiores jornais sobre as favelas. Marianna acusou a imprensa de mostrar as comunidades cariocas apenas como regiões que originam violência, não levando em conta que muitas vezes os moradores das favelas também são vítimas de violências que não são praticadas por traficantes dos morros, mas por pessoas que deveriam zelar pela segurança da população: os policiais - destacou a repórter. Emocionada, Marianna mencionou o assassinato de um garoto de sete anos, na favela da Maré, Rio de Janeiro. Segundo a repórter, a criança chegava da escola e se assustou com a presença de policiais, ao demonstrar que estava assustado, os policiais atiraram no menino que morreu no portão de casa. Os moradores indignados com a situação fecharam a Linha Amarela. Marianna criticou os jornais por destacarem o fato de a Linha Amarela ter sido fechada por moradores da favela em desde divulgarem a morte de uma criança. Ao defender seu trabalho, Solange disse que a imprensa não mostra somente o lado ruim da favela e que os repórteres estão mais limitados ao acesso aos morros cariocas depois do assassinato do jornalista Tim Lopes.

As propostas de mudança no currículo do curso de jornalismo foram apresentadas, no último dia, pelos professores Ildo Nascimento, Denise Tavares e Larissa Morais. Algumas modificações tiveram aceitações unânimes, como a colocação da disciplina Teorias da Percepção como optativa. A mudança que levantou polêmica entre os estudantes foi a redução das atuais três lingüísticas para duas. Os alunos do segundo período, que até o momento cursaram somente uma lingüística, defenderam a ideia de reduzir a quantidade dessa disciplina, para eles, uma lingüística já seria essencial. Para André Coelho, aluno do segundo período de jornalismo, existem matérias mais importantes que deveriam ter a carga horária ampliada. Contrários a essa ideia e defensores da importância da linguistica para a formação do jornalista, os alunos do quinto período, que já cursaram as três linguísticas, não aprovaram a redução da carga horária da disciplina.

Com descontração e participação dos estudantes, a última mesa foi composta por seis ex-alunos de jornalismo da UFF, Herica Marmo, Mariana Costa, Júlio Lubianco, Che Oliveira, Ana Paula Costa e Colin, que relembraram o tempo de faculdade e contaram como funciona o mercado profissional. Sem controversas, os jornalistas compartilharam a ideia de que os únicos momentos ruins da UFF eram quando tinham greves e que o melhor da faculdade foi a excelente formação que tiveram.

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