O uso dos "gadgets" pelas crianças

O professor da Faculdade de Educação da UFF, Paulo Carrano, foi convidado para falar sobre os impactos e benefícios causados na vida da geração que tem, desde cedo, acesso a todos esses dispositivos tecnológicos. Ele falou sobre o papel do diálogo entre pais e filhos e discutiu possíveis “efeitos colaterais” do viver no pós-Geração Y, a exemplo do desinteresse pela leitura.

Material produzido para o Projeto de Extensão TV 2.0 da UFF


Robson Santos, escritor do livro Paraty 2021, fala sobre a experiência de escrever o primeiro romance

Curtia o feriado do dia 2 de novembro na minha casa em Angra e foi quando um amigo do meu pai foi    visitá-lo e me deu o seu livro. O nome dele é Robson Santos, morador de Mambucaba. Robson é consultor, educador e escritor. Escreveu pela primeira vez um livro, cujo título é: Paraty 2021.

O livro conta a história de quatro jovens cineastas que tem um projeto de fazer um filme sobre Paraty. O desejo de falar sobre o município é porque em 2021, Paraty se tornou uma cidade-modelo. Baseada na economia solidária, autogestão e coletivismo, a cidade é um lugar sem pobreza, com universidades públicas, hospitais desenvolvidos, ou seja, tudo que Paraty, infelizmente, não é hoje.

O tecido social entrevistou Robson Santos, que também se formou na UFF, e soube um pouco mais sobre o escritor e o livro Paraty 2021.

TECIDO SOCIAL: Há certa identificação sua com os personagens em relação à rejeição aos Estados Unidos?

Robson Santos: Sim. Os quatro personagens principais do Paraty 2021 têm uma consciência clara da posição nefasta que os Estados Unidos assumem no mundo contemporâneo. E, eu cresci escutando meus pais "falando mal" do
país, da nação, do povo estadunidense. Alertando sobre a invasão cultural que se promove, sobre o FMI, etc. Na juventude meu autor predileto, Frei Betto, tem uma leitura semelhante.

TECIDO SOCIAL:  Tem uma parte do livro que diz: “E tornara-se um município (Paraty) de configuração trina: turística em segmentos antigos e novéis, estudantil universitária e histórico cultural”. Há entre as linhas um desejo seu em ver Paraty daqui a 11 anos com essas características? Principalmente, em relação à descrição de uma cidade universitária, porque sabemos como é fraco o sistema educacional da cidade e a ausência de faculdades públicas.

Robson Santos:Sim, visualizo uma extraordinária mobilização nessa Paraty de 2021, onde uma universidade comunitária emerge sendo um dos pontos fortes dessa teia solidária. Me inspiro na Universidade de Mondragon, no País
Basco/Espanha, para pontuar que uma universidade consegue dar a tônica do desenvolvimento de um lugar. Mondragon é uma extraordinária experiência cooperativista criada por um padre católico. E a Universidade de Mondragon, de perfil comunitário, nem estatal nem particular, me soa como ideal. Creio que a universidade pública, gratuita, de qualidade, presencial e a distância, deve se consolidar no Brasil. Igualmente creio que a iniciativa privada deve continuar empreendendo com todos os estímulos do Poder Público juntamente com fiscalização severa do cotidiano delas. Creio, por fim, que entre os dois paradigmas urge evidenciarmos, isto a midia ordinária não o faz,  paradigma de universidade comunitária, sustentável, solidária, transdisciplinar. A Universidade de Paraty se apresenta com esse caráter futurista.

TECIDO SOCIAL: Você acredita que no nosso país, onde o individualismo e a competição entre as pessoas são tão intensos, é possível uma cidade se desenvolver com base apenas na economia solidária e autogestão?

Robson Santos:Não. E é por isso que o livro Paraty 2021 descreve a convivência de interdependência entre a iniciativa privada tradicional, o cooperativismo tradicional, o cooperativismo popular, a economia de
comunhão do Movimento dos Focolares, etc. Ou seja, nessa economicidade paratiense de 2021 há espaço para todos, contudo a economia solidária, por circunstâncias muito fortuitas, passa a ser o paradigma a que tudo o mais se adequa. Sem forçar nada, através mesmo do mercado e da livre iniciativa das pessoas comprometidas. Por outro lado, eu creio sim que quando surgirem centenas de pequeninas cidades fora do litoral do país, várias delas poderão se estruturar, desde o inicio, com a economia solidária. Um dia, quem sabe, teremos tantas e tantas cidadezinhas pelo interior do Brasil, como na França, e baseadas naidéia de que outro mundo é possível. Em Paraty só foi possível acontecer o que descrevo devido ao fato quase mitológico que mexeu com a vida de todos.

TECIDO SOCIAL:  No final do livro, você deixa uma pergunta no ar ao levantar uma questão se Paraty conseguirá realizar todas essas transformações (culturais, econômicas, educacionais, política, tecnológica...). Mas você como autor do livro e morador da região acredita que Paraty em 2021 estará tão mudada?

Robson Santos:Eu queria muito escrever algo que sintetizasse as principais ideias que acalento sobre o desenvolvimento humano autêntico e integral no dizer do Papa Paulo VI. Em poemas que tenho escrito ao longo de uma década elas surgem dispersas. Nos textos discursivos escrevo abundantemente (embora não tão
qualitativamente...) sobre essas tais ideias contra-hegemônicas. Então ao imaginar uma cidade que se apresentasse no futuro com características de sustentabilidade, economia solidária e dialogicidade interreligiosa decidi escrever sobre Paraty. Mas poderia ser Angra dos Reis, ou Passa Quatro. Preferi Paraty pois morei lá e também quis dar um distanciamento sobre pessoas, grupos e organizações.

TECIDO SOCIAL:  O seu livro foi reconhecido pela prefeitura ou algum segmento socialista da região?

Robson Santos:O texto do livro estava publicado na Internet desde 2008. Com alguns feed-backs reformulei toda a obra. O título, os nomes dos personagens, fiz o trabalho doloroso mas essencial de um escritor consciente que é o de cortar trechos, reduzi o tamanho dos parágrafos, acrescentei referências culturais de Paraty mais incisivamente, substitui dezenas de palavras pouco usadas por outras mais comuns. Então descobri o sistema de impressão sob demanda que é uma das tendências na área editorial. Cadastrei-me no Clube de Autores, fiz um passo a passo fácil e gratuito de criação de capa e de editoração simples. Isto em setembro de 2010. Aí fui para a FLIP divulgar o Paraty 2021. Estive na ponto do Clube de Autores na FLIP e circulei pela cidade divulgando o livro com um brinde (um vidrinho de perfume com a capa do livro). Bem, o que eu quero dizer com isso? Que o livro está ainda no início de sua divulgação. Sequer passou ainda pelo olhar
profissional de um editor. Não que esteja dando muita importância a isto, pois o retorno de leitores como você também nos referenciam grandemente. E como eu não tenho nenhum delírio de ser futuramente um
escritor "renomado" estou sereno quanto ao rumo que a obra possa tomar. Importa sobretudo expressar deias e ajudar no Progresso dos Povos como diz o Papa Paulo VI. Depois que eu tiver o mínimo de colocações críticas acerca deste primeiro romance vou me debruçar sobre ele e dar um último tratamento no texto. A seguir sai uma espécie de 2ª edição. E um segundo lançamento na FLIP de 2011! Dessa
vez com mais segurança e diversos exemplares para efetivamente vender.

TECIDO SOCIAL:  Em quanto tempo você escreveu o livro?

Robson Santos:Eu levei seis meses pra escrever o Paraty 2021. Entre a ideia primária e a pesquisa bibliográfica até a segunda forma do romance foram esses seis meses de contato quase diário com a obra.

TECIDO SOCIAL:  Como foi a sustentação financeira do seu livro?

Robson Santos:Na ocasião eu estava recebendo o benefício do auxílio doença do INSS, então, tive tempo para dedicação integral ao escrever. Se você se refere ao recurso para publicá-lo eis a novidade já dita antes: publiquei pelo Clube de Autores gratuitamente!

TECIDO SOCIAL:  Você vende-os? Se sim, qual é o preço?

Robson Santos:Sim. O romance Paraty 2021 está a venda no Clube de Autores (http://www.clubedeautores.com.br/). Ao acessar o site basta digitar Paraty 2021 no campo que está no canto superior esquerdo. Então, será remetido
à pagina do livro com uma descrição e as primeiras seis páginas disponíveis para leitura. O preço é, por enquanto, pouco interessante: R$29,53. Pagável com cartão ou boleto bancário. Se considerar a
despesa de correios chega a uns R$40,00. Parece arrogância um preço assim quando best-sellers e livros renomados estão bem mais baratos... Mas há de se considerar que este é um sistema de impressão
sob demanda. Imprime-se na medida em que se vende. Assim que eu estiver vendendo em Mambucaba, na livraria futuro, deve custar R$ 30,00.

TECIDO SOCIAL:  Confesso que quando vi o livro pensei que não se tratasse de uma ficção, por isso, queria saber quais os motivos que te levaram a escrever o livro e também a escolha de personagens que estudaram na Universidade Federal Fluminense e que moraram em Niteroi? Você também estudou na UFF?

Robson Santos:O motivo principal foi o de sintetizar minhas ideias e expressá-las de um modo que não tinha tentado antes: um romance. Creio que a literatura deve sim estar comprometida com a transformação social. Quando escuto ou leio os pupilos da tresloucada pós-modernidade afirmarem que a literatura não deve assumir esta missão eu digo comigo mesmo: esse pessoal se perdeu num labirinto de auto-suficiência... Eu estudei educação na UFF, fui presidente de diretório acadêmico, poeta dos saraus e eventos culturais, etc. Tenho muitas lembranças da UFF. Umas agradáveis outras nem tanto. Mas isso fica para outro papo. E a UFF realmente tem curso de cinema. Juntei as coisas.

TECIDO SOCIAL:  Por que a escolha do ano 2021?

Robson Santos:Pensei numa data que abrangesse várias gestões públicas de quatro anos. Embora o acontecido em Paraty não seja obra única do Poder Público e sim uma megamobilização do III Setor, a iniciativa privada e o referido poder. Também devido a 21 ser um número que soa inovador pois lembramos logo do século XXI e suas surpreendentes necessidades e desafios.

TECIDO SOCIAL:  E,por último, você está escrevendo algum livro no momento ou está com projetos?

Robson Santos:Escrevi esses dias uma crônica que, segundo contato de editores, deve sair numa coletânea de crônicas sobre Angra dos Reis. Meu objetivo primordial é sublimar o texto do Paraty 2021. É interagir com pessoas
autênticas que queiram e possam dizer: isto eu gostei, isso eu achei ingênuo, isso tá ruim pra caramba, isso me surpreendeu, etc. Ou seja: eu me assumo aqui como um escritor em formação. Com inquietações
tremendas sobre a razoabilidade do texto que cria. Jamais concederia  essa entrevista "posando" de escritor resolvido e em ascensão. Nem resolvido, pois crescemos a cada dia ao interagirmos com as
adversidades da vida, nem alucinado por prestígio. Importa a mim no momento consolidar o estilo apresentado em Paraty 2021: um livro de assuntos futuristas de inspiração católica. Quem sabe na FLIP de 2011 socialistas, católicos, ambientalistas, educadores, líderes comunitários, etc venham a descobrir este primeiro romance e venham a cultivar o gosto por mais outra narrativa que tenha implicação com o
Progresso dos Povos? Tomara!



Saiba mais sobre o livro: http://livrariafuturo.blogspot.com/p/paraty-2021-resumo.html

Divergências entre idéias marcaram a I Semana UFF de Jornalismo

Há apenas nove dias em que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e mais nove governadores foram eleitos, o tema de abertura da I Semana UFF de Jornalismo, realizada entres os dias 9 e 11 de novembro, foi sobre a cobertura política no cotidiano e durante as eleições. A presença de profissionais da área de comunicação com opiniões divergentes mostrou que o nome do evento foi bem escolhido: controversas.


Ao participar da primeira mesa, Chico Otávio, editor de política do jornal “O Globo”, não concordou com a posição de Paula Máiran, assessora do deputado Marcelo Freixo, sobre a censura imposta aos jornalistas pelos donos dos jornais, que decidem, segundo Máiran, o que pode ou não ser divulgado. Para o editor, mesmo que essa fosse a vontade dos donos, seria impossível que os empresários pudessem verificar tudo antes de ser publicado.

Máiran ainda criticou a imprensa de, durante as eleições, se concentrar em apenas alguns candidatos, como aconteceu nos últimos meses em que a mídia hegemônica pauto-se nos até então candidatos José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT), o que favoreceu para que muitos eleitores acreditassem que havia somente esses candidatos – destacou a assessora, que vê como exceção, a cobertura feita pela imprensa do ex-candidato à presidência Plínio de Arruda (PSOL), já que Plínio conseguiu mobilizar o público de uma forma que a imprensa não tinha como ignorar o candidato – concluiu Máiran.

No segundo dia, as controversas fizeram parte da mesa sobre o mercado de trabalho. Desviando do tema proposto, Solange Duarte, editora do jornal “O Globo”, e Marianna Araújo, repórter do “Observatório das Favelas”, discordaram entre si sobre a cobertura feita pelos maiores jornais sobre as favelas. Marianna acusou a imprensa de mostrar as comunidades cariocas apenas como regiões que originam violência, não levando em conta que muitas vezes os moradores das favelas também são vítimas de violências que não são praticadas por traficantes dos morros, mas por pessoas que deveriam zelar pela segurança da população: os policiais - destacou a repórter. Emocionada, Marianna mencionou o assassinato de um garoto de sete anos, na favela da Maré, Rio de Janeiro. Segundo a repórter, a criança chegava da escola e se assustou com a presença de policiais, ao demonstrar que estava assustado, os policiais atiraram no menino que morreu no portão de casa. Os moradores indignados com a situação fecharam a Linha Amarela. Marianna criticou os jornais por destacarem o fato de a Linha Amarela ter sido fechada por moradores da favela em desde divulgarem a morte de uma criança. Ao defender seu trabalho, Solange disse que a imprensa não mostra somente o lado ruim da favela e que os repórteres estão mais limitados ao acesso aos morros cariocas depois do assassinato do jornalista Tim Lopes.

As propostas de mudança no currículo do curso de jornalismo foram apresentadas, no último dia, pelos professores Ildo Nascimento, Denise Tavares e Larissa Morais. Algumas modificações tiveram aceitações unânimes, como a colocação da disciplina Teorias da Percepção como optativa. A mudança que levantou polêmica entre os estudantes foi a redução das atuais três lingüísticas para duas. Os alunos do segundo período, que até o momento cursaram somente uma lingüística, defenderam a ideia de reduzir a quantidade dessa disciplina, para eles, uma lingüística já seria essencial. Para André Coelho, aluno do segundo período de jornalismo, existem matérias mais importantes que deveriam ter a carga horária ampliada. Contrários a essa ideia e defensores da importância da linguistica para a formação do jornalista, os alunos do quinto período, que já cursaram as três linguísticas, não aprovaram a redução da carga horária da disciplina.

Com descontração e participação dos estudantes, a última mesa foi composta por seis ex-alunos de jornalismo da UFF, Herica Marmo, Mariana Costa, Júlio Lubianco, Che Oliveira, Ana Paula Costa e Colin, que relembraram o tempo de faculdade e contaram como funciona o mercado profissional. Sem controversas, os jornalistas compartilharam a ideia de que os únicos momentos ruins da UFF eram quando tinham greves e que o melhor da faculdade foi a excelente formação que tiveram.

O que a mídia hegemônica não mostra: O porquê de tantos incêndios nas favelas de São Paulo.

Ao ler a revista Caros Amigos do mês de outubro, deparei-me com uma matéria sobre o aumento do número de incêndios nas favelas de São Paulo. Quero aproveitar e parabenizar a jornalista Débora Prado pela excelente reportagem. É notável que o assunto tratado não seja nada de novo, porém, a matéria traz muitos dados e depoimentos relevantes.


Em destaque, diz que existem suspeitas que alguns incêndios tenham sido provocados por interesses imobiliários. Sinceramente, isso foi o que mais me chamou a atenção e me fez ler as duas páginas que falam sobre o assunto. É horrível pensar e acreditar que interesses individuais possam ser capazes de colocar em risco a vida de milhares de pessoas que já passam por diversas dificuldades e ainda sofrem com as perdas constantes devido a esses incêndios que tornaram tão comuns na cidade.

Um dos motivos que confirma tais suspeitas é o local onde os incêndios mais acontecem, são regiões de antigos embates entre a comunidade e o poder público, uma delas é a comunidade Real Parque, onde a área atingida pelo último incêndio, no mês de setembro, faz parte de um terreno da EMAE (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A), na qual a prefeitura tem tentado com dificuldades retirar a população do local. Além disso, há áreas, como na Água Espraiada, nas quais os moradores já sabem que logo serão expulsos, porque a prefeitura tem interesse de fazer na Espraiada uma nova Avenida Paulista até a Copa de 2014. Depois do último incêndio, a prefeitura quis encaminhar algumas famílias para alojamentos em outras regiões da cidade, só que os moradores não aceitaram. E por que eles não aceitaram? Porque, assim como qualquer pessoa, eles se identificam com o local onde vivem e muitas vezes, ou melhor, na maioria delas, a prefeitura quer deslocar esses moradores para lugares distantes. Nossas autoridades esquecem que a população quer morar perto do local de trabalho, de áreas com infra-estrutura e, por isso, recusam essas propostas.

Outro aspecto que nos assusta é ver que em muitos casos o corpo de bombeiros vai às áreas de incêndios com os carros sem água ou com a torneira furada, sem contar a demora para chegar, neste último caso, talvez, possa ser levado em conta o trânsito como empecilho, mas para os outros dois não há desculpa. Sendo assim, os próprios moradores, acostumados com a situação, se viram com os baldes cheios de água para tentar conter o imenso fogaréu que se alastras rapidamente.

Contido o fogo resta-se nada. Minto. Restam-se problemas: algumas pessoas não tem onde morar, outras recebem auxílio-aluguel, porém, não sabem até quando receberão ou quando começarão a receber. Sem contar a ausência, em muitos casos, da unidade móvel de Poupatempo, onde as pessoas podem refazer os documentos perdidos nos incêndios.

A mídia brasileira concentra-se em divulgar a quantidade de pessoas desnutridas na África, o desrespeito aos Direitos Humanos no Irã, o suposto surto de cólera no Haiti, mas esquece de olhar para o próprio país, ou melhor, para os seus próprios receptores de notícias. Uma realidade está estampada a todos os donos dos meios de comunicação, diretores, editores e jornalistas. Infelizmente, não é somente em São Paulo que a população não recebe o auxílio-aluguel e sim em todo o Brasil. Como exemplo, são os moradores do morro do Bumba, que desde o terrível deslizamento de terras causado pelas chuvas no mês de abril, não recebem, até hoje, o prometido auxílio. E os grandes meios de comunicação só se importaram com o assunto quando ele rendia audiência, ou seja, na semana em que a tragédia aconteceu. Depois disso... Onde fica mesmo o morro do Bumba?

Será o início do fim do jornal impresso?

Um assunto não sai da pauta de discussão, principalmente, nos grupos formados por professores, estudantes e profissionais de comunicação. O jornal impresso está com os seus dias contados devido ao progresso da internet e os diversos suportes digitais da notícia, como celular, ipad e netbook?


Depois de quase dois meses em que o Jornal do Brasil emigrou da publicação impressa para a digital, a Associação Brasileira de Imprensa(ABI) realizou, na última quarta, o Seminário “o JB que nós amávamos”, na qual a história do único jornal impresso que teve abrangência nacional foi resgatada por jornalistas que trabalharam em diferentes épocas na redação desse antigo gigante da imprensa que agora só ficará nas memórias, livros e na sua versão digital.

Todo o processo de como era produzido o jornal, desde a realização da matéria, passando pela revisão do editor até a impressão foi mostrado através do curta metragem de Nelson Pereira de Santos, “um moço de 74 anos”. Ildo Nascimento, professor da Universidade Federal Fluminense, falou da reforma gráfica do jornal no final da década de 50 e como a mudança na diagramação favoreceu para maior reconhecimento pelo público e, também, contribuiu, para que mais tarde, os outros jornais imitassem a reforma feita por Amilcar Castro.

Com o tema “Um jornal que fez história”, a primeira mesa foi composta por Alberto Dines, José Silveira, Ana Arruda, Cícero Sandroni e Wilson Figueiredo. O primeiro a falar foi o editor responsável do programa Observatório da Imprensa na TV Brasil, Alberto Dines, que está com uma virose e, por isso, participou por vídeo conferência. Dines começou a trabalhar no JB como editor, em 1962, e permaneceu durante quatro anos.

- O que mata a imprensa são esses surtos messiânicos – disse Dines, ao se referir das mudanças estruturais constantes que acontecem, atualmente, nos jornais. Para o experiente jornalista, o grande mérito do JB foi que, de 1956 a 1990, ele não teve períodos. As equipes mudavam, mas o padrão do jornal era mantido.

Com uma trajetória de mais de 20 anos no JB, o jornalista José Silveira ressaltou que a base da redação de um jornal é o diálogo entre os jornalistas e que “o jornalismo é um aprendizado diário”.

Ana Arruda, que com 20 anos começou a carreira de jornalista no JB quando começava a reforma do jornal, disse que através do Concretismo, da Bossa Nova, da criação de Brasília e da Revolução Cubana foi que o espírito JB se concretizou.

- Os chefes estavam ali para ajudar e ensinar – comentou Arruda ao lembrar-se dos chefes que teve no JB, ressaltando que a redação não era ditatorial.

Os “jotabenianos”, como Mair Pena Neto, Romildo Guerrante, Sandra Chaves e Flávio Rodrigues são chamados, compuseram a segunda mesa, na qual os antigos jornalistas do JB relembraram a memória afetiva e política da redação.

- No JB essa vaidade era atenuada pelo espírito de equipe, o motorista, o fotógrafo e os jornalistas se ajudavam – visivelmente emocionado, comentou Neto ao classificar o jornalismo como sendo, muitas vezes, uma profissão de vaidade.

Em relação ao fim do JB impresso, Sandra Chaves comentou que o grande problema é colocar a notícia num único meio. Chaves criticou a ideia de usar somente o jornal impresso ou apenas a internet.

Flávio Rodrigues propôs que o ideal para o nome do evento é “o JB que nós amamos”, já que as lembranças e o amor pelo jornal permanecem entre muitos jornalistas e leitores.

Com tom mais agressivo e ao mesmo tempo preocupado com o futuro do jornalismo, Domingos Guerrante aproveitou a presença da platéia composta por estudantes de jornalismo para alertar sobre as conseqüências da velocidade e do desleixo das redações na publicação da notícia.

O seminário foi realizado na última quarta e quinta-feira e coordenado por Sylvia Moretzsohn, professora da Universidade Federal Fluminense, colaboradora do Observatório da Imprensa e diretora de jornalismo da ABI.

Nativos e imigrantes digitais

O Encontro Nacional Mídia e Formação do Leitor teve como um dos temas a relação dos professores e alunos com a internet. O encontro aconteceu na última quinta-feira (15) e foi realizado pelo jornal O DIA em parceria com o Instituo Ary Carvalho.
A internet é um meio que está cada vez mais acessível a todos. Entende-se aí, acessibilidade como algo fácil de ter acesso e não de possuir ou ter para si. Hoje, existem mais pessoas que acessam a internet do que há alguns anos, e isso só tende a aumentar.  Mas, os internautas brasileiros ainda navegam mais nas lan houses do que nas suas residências. O número de brasileiro com acesso à internet em casa não passa de 40%. Enquanto, o número de lan houses no país chega a ser maior que o número de agências bancárias.
A propagação de lugares que possibilitam a todas as pessoas ter acesso à internet fez com que esse meio de comunicação se expandisse e atraísse cada vez mais adeptos a essa fonte de informação, entretenimento, diversão e pesquisa. É claro que as crianças não ficaram de fora, elas dominam a internet, muitas vezes sabem mais do que um adulto. A facilidade que elas têm de aprender, favorece para que consigam facilmente navegar e descobrir um novo mundo que não existia para as antigas gerações.
Os chamados nativos digitais, pessoas que nasceram quando a era digital já existia, não são mais somente receptores, são também emissores. A internet é um meio que permite a todos  participarem ativamente desse meio de comunicação. Essas crianças e jovens são emissores quando postam seus vídeos no you tube, seus textos no blog, comentam no twitter, postam fotos no Orkut, enfim, se tornam um membro essencial de um meio de comunicação.
Os imigrantes digitais, pessoas que não nasceram na era digital, também estão envolvidos e participam desse meio, porém, nem todos. Alguns professores já se adaptaram a essa nova mídia e além de receptores também são emissores dela. Mas, muitos ainda não se acostumaram com a internet e acabam nem sendo receptores e muito menos emissores.
A grande questão é como fazer da escola um lugar onde os professores (imigrantes digitais) e os alunos (nativos digitais) se encontram? É necessário que os professores estejam envolvidos com essa nova mídia, pois os alunos convivem com ela diariamente. Marcos Ozório, professor de Geografia da rede pública e privada do Rio de Janeiro, disse na palestra que o fracasso escolar do professor se dá pela “desindentificação” dos alunos com os professores.
Se a internet é hoje a realidade de muitos alunos, se eles a usam diariamente, há que ter uma ponte entre esses alunos, professores e a internet. Os professores têm uma tarefa difícil de adaptarem a ela e fazer dela uma fonte rica de informação e comunicação entre eles e os seus alunos. Infelizmente, muitas crianças e jovens acessam a internet apenas para entrar em redes sociais e jogar games. E é isso que deve ser mudado. Os professores têm que estimular  seus alunos a fazerem uso da internet para outros fins, como busca de conhecimento e informação. É claro, que essa tarefa não é só dos mestres e também dos pais. Os nativos digitais têm que aproveitar essa ferramenta de uma forma que a internet traga para eles não somente entretenimento, mas, além de tudo, conhecimento e cultura.


Plínio e suas propostas

O candidato à Presidência Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) participou nesta segunda-feira da sabatina feita pelo jornal O GLOBO. Durante a entrevista, Plínio falou sobre as suas propostas para o governo caso seja eleito.

Ao ver a reportagem, achei relevante comentar sobre ela aqui no blog. Principalmente, por se tratar de propostas que fogem das que estão sendo feitas pelos candidatos que estão nas três primeiras posições das pesquisas de intenção de voto.

Plínio de Arruda falou da bandeira carregada pela sua campanha que é acabar com a desigualdade social, através da redistribuição radical da renda e da terra. Seguindo a linha de prioridade do seu eventual (intensifica-se aí o eventual) governo, Plínio coloca em primeiro lugar a reforma agrária, seguida da redução de jornada de trabalho sem redução do salário, reforma urbana, reforma da educação e reforma da saúde pública. Sobre essa última proposta, o candidato do PSOL à Presidência disse que transformaria todo médico em funcionário público, ou seja, não haveria mais hospitais particulares.

É natural que um partido socialista tenha como proposta todas essas citadas. Mas, sabemos que a probabilidade delas serem realizadas é muitíssimo baixa. Primeiro, porque é difícil um candidato socialista ser eleito à Presidente no Brasil. A economia do nosso país é comandada por grandes empresários e esses jamais deixariam o seu lucro, a sua terra e todos os seus bens em pró da nação. Segundo, se um candidato socialista conseguisse ocupar a mais alta posição de poder do país, será que o mesmo conseguiria implantar todas essas propostas? Posso parecer pessimista, mas acredito que não. É claro, que queríamos que a desigualdade social não existisse, mas sabemos que para que isso aconteça não é tão simples. Pode acabar com a desigualdade social, mas com o fim da mesma, vêm outros milhares de problemas. Temos Cuba e Coreia do Norte como modelos de países socialistas e sabemos como a população vive, não é nenhuma “mil e uma maravilhas”.

Muitas pessoas têm criticado o candidato José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) por terem nos seus discursos propostas semelhantes. Mas será que é tão mal isso? Penso, sinceramente, que não. Podem falar: “é por isso que o Brasil é assim”. É por isso que o Brasil é assim mesmo. Não podemos ver somente o lado ruim do nosso país. É claro, que tem muita coisa para melhorar, mas também muitas coisas já melhoraram. Não somos desenvolvidos, não somos os países mais ricos, mas temos também nosso destaque, temos o nosso lado bom. O Brasil já avançou muito na sua relação com o exterior. Hoje, o nosso país é visto com outros olhos. Quem diria que um dia o presidente dos Estados Unidos falaria que o presidente do Brasil é o político mais popular da Terra?

Tanto Dilma, Serra e Marina (PV) mostram propostas que visam reduzir o uso de drogas no país e programas de saúde que ajudem as pessoas que são viciadas. Propõem Programas de Saúde para a população, que só se diferenciam no nome, mas são muito parecidos no objetivo e os três candidatos defendem também a ampliação do Bolsa Família.

Prefiro propostas semelhantes a propostas utópicas.

Confira a reportagem feita com o candidato Plínio pelo jornal O Globo: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/video/2010/19662/

As principais propostas dos candidatos no site do R7:
http://noticias.r7.com/brasil/noticias/veja-as-principais-propostas-dos-presidenciaveis-dilma-marina-e-serra-para-cinco-areas-20100707.html