Saúde, educação e segurança foram os principais temas discutidos no debate de ontem, realizado pela emissora Bandeirantes. Além dos candidatos que ocupam os primeiros lugares nas pesquisas de intenção de votos, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), também estava presente o candidato à presidência Plinio de Arruda Sampaio do PSOL.
O debate foi dividido em cinco blocos e mediado pelo jornalista Ricardo Boechat. O primeiro bloco foi destinado aos candidatos para responderem as perguntas elaboradas pela produção da Band e pelos próprios adversários. No segundo e no terceito, os candidatos também respondiam as perguntas feitas entre eles. Durante o quarto bloco, as perguntas foram feitas por jornalistas e o quinto bloco foi separado para as considerações finais, na qual cada um falou, durante dois minutos, sobre o seu projeto de governo.
Os candidatos ao chegarem ao local, foram indagados sobre a expectativa que tinham do debate. A candidata Marina Silva disse que esperava um encontro de conversa entre eles. Dilma Rousseff, José Serra e Plinio Arruda Sampaio também esperavam um debate de alto nível.
O candidato Plinio de Arruda Sampaio aproveitou a oportunidade para dizer sobre a omissão da mídia dos outros candidatos que disputam à presidência. Falou que até no debate havia desigualdade, referindo-se as perguntas e respostas na maioria feitas entre os candidatos José Serra e Dilma Rousseff. Para Plinio, ele e a candidata Marina Silva estavam sendo excluídos pelos adversários. Criticou o governo atual e o seu antecessor de concentração de renda.
"Há um muro separando o povo brasileiro das suas perspectivas" - disse.
Quando perguntado pela candidata Marina Silva sobre a sua proposta de política social, ele disse que fará uma distribuição radical de renda, afetando aqueles que têm mais e reduzirá a jornada de trabalho, para que assim, as pessoas que não têm emprego possam ter e para as que já têm não sejam exploradas pela jornada excessiva de trabalho. Mostrou-se contrário à transposição do Rio São Francisco e à construção de Belo Monte.
"A transposição do Rio São Francisco é uma forma de entregar a economia do Nordeste ao agronegócio" - ressaltou.
A candidata Marina Silva quando perguntada pelo jornalista Ricardo Boechat o que acatará primeiramente no seu governo, caso seja eleita, educação, saúde ou segurança, disse que as três coisas não podem ser separadas, mas focará no primeiro momento na área da saúde. Lembrou das horas em que já passou nos hospitais esperando para ser atendida e criticou o Governo Federal e os Estados de não repassarem verba para os municípios investirem na saúde. Ressaltou a necessidade de aumentar o valor do PIB (Produto Interno Bruto) investido na educação, hoje em torno de 5% do PIB brasileiro são investidos na área educacional. Para ela, a desigualdade social pode ser atenuada com a igualdade de oportunidades na educação.
Ao ser perguntada pela candidata do PT à presidência sobre as suas estratégias para combater o crack, Marina disse que é fundamental políticas públicas de combate às drogas e retratou o uso do crack como uma doença à qual a população está submetida.
Sobre as suas propostas de governo, José Serra disse que reduzirá o tempo de espera nos hospitais públicos e criará um milhão de vagas em ensinos profissionalizantes. Ao responder a pergunta feita pela candidata Marina Silva sobre a sua experiência nesses últimos 16 anos (8 anos como situação e 8 como oposição), o candidato do PSDB disse que como situação trabalhou para os brasileiros e tratou a oposição como adversária e não inimiga.
"Eu jogo pelo Brasil" - afirmou José Serra.
O candidato do PSDB ainda falou que é a favor da jornada de trabalho ser definida por cada sindicato e que apoia lutas sindicais ligadas a essas questões. Respondeu ao candidato Plinio, dizendo que não aprova a anistia aos desmatadores.
Dilma Rousseff disse que não tem como escolher entre atender primeiramente a saúde, a educação ou segurança. Para ela, os três temas são os pilares da política pública dos país. Falou que irá melhorar a qualidade do ensino educacional e que é preciso aumentar o salário dos professores. Ela prometeu criar 6000 creches e aumentar o número de universidades públicas no interior. Dilma ressaltou a necessidade de ampliar o programa Brasil Sorridente, que é o tratamento dentário pelo SUS e expandir as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), prometeu criar 500 delas no Brasil.
O tempo de cada candidato foi respeitado entre eles, não houve discussões, cada um teve o direito de criticar e elogiar o governo atual e mostrar o seu programa de governo. O alto nível que os candidatos esperavam perpetuou durante o debate. Talvez a única coisa que tenha faltado é a igualdade no tempo e no espaço que foi concedido aos quatro, porém os que mais puderam falar foram os candidatos José Serra e Dilma Rousseff.