O "recesso" em ano eleitoral

No ano de eleição muitas coisas começam a serem feitas, como obras públicas, é claro, visando o voto dos eleitores. Porém, no Senado e na Câmara a tendência é a paralisação do serviço nos três meses que antecedem as eleições.

O site do Jornal O Globo, neste domingo, traz uma reportagem que fala do funcionamento e dos gastos no plenário durante o período de campanha eleitoral. As duas Casas estão num “recesso” que tem trazido problemas e vergonha para o país. O número de pessoas trabalhando diminuiu, mas os custos continuam altos. Muitos deputados e senadores não comparecem nas Casas e ainda levam assessores de Brasília para campanhas nos Estados.

O Senado ainda está mantendo as sessões de debates, nas quais comparecem os senadores e suplentes que não são candidatos este ano. Enquanto, a Câmara suspendeu todas as sessões durante o período de agosto até outubro.

Não é novidade dizer que o Brasil para em ano eleitoral. Mas, não imaginamos até que ponto vai essa paralisação. Não dá para pensar que as principais Casas do país estão paradas. Como a Câmara dos deputados pode ficar três meses sem se quer votar uma matéria em plenário? Está cada vez mais claro o interesse individual das pessoas que governam o Brasil.

Além disso, há a questão dos custos que permanecem elevados. Só no caso dos 594 parlamentares, de agosto a outubro, serão gastos R$ 29,4 milhões apenas com subsídios. A despesa média das duas Casas nesses três meses é de R$ 1,7 bilhão, sendo que o orçamento anual da Câmara e do Senado para 2010 é de R$ 6,88 bilhões.

A reportagem ainda fala da quantidade de funcionários que ficam passeando pelos corredores e gabinetes e garçons que sem terem para quem servir passam os dias conversando e vendo TV.

Pelo visto, todos os níveis de hierarquia no Senado e na Câmara estão aproveitando o recesso branco eleitoral. Provavelmente, as movimentações de pessoas nos corredores e gabinetes só voltarão depois do dia 3 de outubro, afinal, no início todo mundo quer mostrar serviço.

A arte Moderna e Contemporânea num só lugar.

O Centro Cultural Banco do Brasil está com duas exposições e cada uma representa uma linha de tempo importante da trajetória do país.

A Exposição Anita Malfatti – 120 anos relembra um momento histórico, que foi o Modernismo. São mais de 70 obras, pertencentes a pessoas particulares e museus, algumas nunca tinham sido expostas. Anita foi pioneira na pintura moderna. Na época, foi criticada por Monteiro Lobato, mas isso não impediu o seu sucesso posteriormente. A artista retratou as pessoas marginalizadas dos centros urbanos, o que a caracterizou com uma mulher corajosa por fugir das amarras sociais. Ela formou junto com Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral e Menotti Del Picchia o grupo dos cincos, artistas que defenderam a Semana de Arte Moderna e aplicaram o Modernismo no Brasil. Além da exposição de suas obras, há, entre um quadro e outro, resumos da vida de Anita, o que permite ao visitante não somente conhecer as suas obras, mas, também, a trajetória dessa artista que contribuiu para história do Brasil.

A outra exposição é: Zeróis: Ziraldo na tela grande que reflete a arte contemporânea. São mais de 44 obras inéditas do caricaturista, cronista e jornalista. Ziraldo fez essas telas grandes a partir dos cartuns Zeróis, desenhado na década de 1960. Os heróis do cartunista são uma releitura de artistas como Picasso, Velázquez, Goya, Dali, Grant Wood, Hopper, Mathieu, Lichtenstein e Warhol. As cores chamativas atraem não somente adultos e jovens, mas, também, crianças que se encantam, fazendo-as lembrarem dos desenhos animados que assistem.

A exposição Anita Malfatti – 120 anos ficará exposta até o dia 26 de setembro e a Zeróis: Ziraldo na tela grande ficará até o dia 19 de setembro. O CCBB fica na Rua Primeiro de Março, número 66. Funciona de terça a domingo, das 9h às 21h.

Livro: Nunca fui primeira-dama

Fui à FLIP e o bem material que trouxe de lá foi o livro Nunca fui primeira-dama da escritora cubana Wendy Guerra.

O livro é uma mistura de ficção com a realidade, a escritora fala através de história sobre a sua vida e a de duas importantes mulheres, sua mãe Albis Torres e Célia Sánchez, essa última secretária pessoal de Fidel Castro.

Nadia Guerra, nome dado a Wendy Guerra na história, não tirava da cabeça a ideia de achar a sua mãe que a deixou quando tinha 10 anos e Nadia passou a viver só com o pai em Cuba. Ela tinha um programa de rádio que falava sobre o país de uma forma ingênua, mas sempre com uma intenção de passar uma mensagem aos poucos ouvintes que tinha durante a madrugada.

Nadia conheceu diversos amigos de sua mãe que lhe informaram sobre Albis Torres. Um desses amigos foi Paolo B., na qual Nadia teve um caso e mais tarde descobriu que ele era o seu pai. Ela foi para a Rússia e lá conseguiu achar sua mãe, que já não aparentava beleza e juventude expostas no seu quadro no Museu de Belas-Artes em Cuba. Torres já estava com uma saúde muito delicada, sofria de Alzheimer e por isso não se lembrava de sua filha pródiga.

Nadia voltou a Cuba e logo depois seu pai faleceu, ela passou então a morar com o Lujo, que teve relação com o pai e a mãe dela. Albis Torres foi morar com Nadia e Lujo em Havana depois de algum tempo, onde viveu os seus últimos dias. Numa manhã, Torres se jogou no mar e acabou morrendo.

Nadia encontra uma caixa preta que sua mãe guardou durante anos. Nela, Albis Torres havia escrito um pouco sobre a história de sua amiga Célia Sánchez.

Célia foi uma mulher corajosa que participou da Revolução Cubana e fazia parte do Exército Rebelde. Dedicou a sua vida aos interesses coletivos e ao abandono absoluto do interesse pessoal. Seu comportamento cotidiano era manter a vigilância constante, movimento constante e ação constante. Esses três princípios básicos da vida guerrilheira eram mencionados por Che Guevara. Ela e Fidel eram muito amigos, ele permitia que Célia fizesse o que não era permitido a mais ninguém. Sánchez se tornou a figura feminina da mais alta hierarquia política do país e foi assim até a sua morte.

O livro é muito interessante por falar de um momento histórico que foi a Revolução Cubana e de vidas que foram censuradas e ainda são. Nunca fui primeira-dama continua inédito em Cuba e, enquanto isso, já foi publicado em oito países.

Não se esqueçam delas

   Mulheres que amam, vivem, sentem dor, choram, sorriem... Mas, será que há sorriso? Não, não há sorriso. Mulheres que vivem submetidas às regras desumanas dos seus países ou então submetidas à autoridade do homem que elas são obrigadas a se casarem, não têm como serem felizes.

   É história antiga, casos de mulheres que sofrem barbaridades dos seus maridos ou até mesmo do Estado, este que deveria protegê-la e aquele que deveria amá-la.

Sakineh Ashtiani
Afegã Aisha, 18 anos
   É o caso da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada a morrer apedrejada, apenas por ter cometido adultério. No Irã, isso ocorre com a conivência das autoridades, são muitas vezes praticados por grupos religiosos radicais e “clandestinamente”. As mulheres condenadas são enterradas até o pescoço e depois apedrejam sua cabeça. Além disso, há esposas que sofrem ataque dos seus maridos com ácidos, a intenção é deformar o rosto delas. Como é o caso da iraniana Ameneh Bahrami divulgado no jornal O Globo do último domingo(8). A capa da “Time” mostra uma afegã que teve o nariz e a orelha cortados por Talibãs e o motivo foi por ela ter fugido da casa do marido.

   As autoridades desses países fecham os olhos. Mas, será que nós também não estamos fechando os nossos olhos? Será que estamos tratando isso como um fato normal? Estamos nos isentando dessa responsabilidade? Isso não é um problema apenas dos países que praticam esse tipo de crime, mas, também de todos nós. Até porque, no Brasil, alguns direitos são esquecidos. Mulheres que deviam ser protegidas pelo Estado, são esquecidas por ele. É o caso, entre muitos outros, da cabeleireira que denunciou o seu ex-marido à polícia por ter sido ameaçada de morte e a única “proteção” que teve foi uma distância mínima imposta ao marido em relação a ela, mas, infelizmente, a cabeleireira acabou sendo morta por ele, em janeiro deste ano.

   É aterrorizante ver que em pleno século XXI, os direitos humanos e o respeito a mulheres são ignorados por milhares de pessoas e a existência de crimes contra a humanidade ainda é legalizado em alguns países. Esqueceram, ou melhor, sabem e não fazem a mínima questão de assegurar o direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal escrita na Declaração Universal dos Direitos do Homem.

A FLIP do lado de fora


Música, teatro, palestras, danças, tudo isso estava presente na Festa Literária de Paraty.
A cidade que já tem por si uma beleza encantadora ficou ainda mais atraente com tantos eventos culturais acontecendo ao mesmo tempo.
Ontem, no penúltimo dia da FLIP, fui desfrutar esta feira que acontece pela oitava vez consecutiva. Antes de chegar ao Centro Histórico já se via artistas, como um senhor, morador da cidade, que com apenas um microfone, uma caixa de som e um violão cantava numa calçada. Tem muita coisa boa e rica em cultura sem estar ligada à FLIP. Já no Centro Histórico, como de costume, estavam os índios espalhados nos cantos das ruas vendendo artesanatos feitos por eles mesmos.
Na área destinada à realização do evento, viam-se cada pessoa aproveitando da forma que queria. Crianças espalhadas na Praça da Matriz aproveitavam para brincarem com os bonecos que representam personagens célebres da literatura infanto-juvenil e foram produzidos por alunos de escolas da cidade com papel marchê. A parte da Flipinha, que foi feita para crianças, também era desfrutada por adultos e jovens. Os trabalhos feitos por escolas públicas e particulares de Paraty estavam expostos numa quadra e no fundo dela, um palco estava montado na qual uma apresentação musical acontecia e animava pais e filhos que cantavam e dançavam.
Não é preciso ter dinheiro para aproveitar a FLIP, o conhecimento cultural estava espalhado nas ruas dessa cidade histórica. O desejo e a paixão pela cultura não se via somente nos rostos dos adultos, mas, também, nas crianças, que desde pequenas já se interessam pela literatura.
Que a FLIP desperte cada vez mais essa vontade de conhecimento compartilhado e adquirido.

Debate entre os presidenciáveis

Saúde, educação e segurança foram os principais temas discutidos no debate de ontem, realizado pela emissora Bandeirantes. Além dos candidatos que ocupam os primeiros lugares nas pesquisas de intenção de votos, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), também estava presente o candidato à presidência Plinio de Arruda Sampaio do PSOL.


O debate foi dividido em cinco blocos e mediado pelo jornalista Ricardo Boechat. O primeiro bloco foi destinado aos candidatos para responderem as perguntas elaboradas pela produção da Band e pelos próprios adversários. No segundo e no terceito, os candidatos também respondiam as perguntas feitas entre eles. Durante o quarto bloco, as perguntas foram feitas por jornalistas e o quinto bloco foi separado para as considerações finais, na qual cada um falou, durante dois minutos, sobre o seu projeto de governo.

Os candidatos ao chegarem ao local, foram indagados sobre a expectativa que tinham do debate. A candidata Marina Silva disse que esperava um encontro de conversa entre eles. Dilma Rousseff, José Serra e Plinio Arruda Sampaio também esperavam um debate de alto nível.

O candidato Plinio de Arruda Sampaio aproveitou a oportunidade para dizer sobre a omissão da mídia dos outros candidatos que disputam à presidência. Falou que até no debate havia desigualdade, referindo-se as perguntas e respostas na maioria feitas entre os candidatos José Serra e Dilma Rousseff. Para Plinio, ele e a candidata Marina Silva estavam sendo excluídos pelos adversários. Criticou o governo atual e o seu antecessor de concentração de renda.

"Há um muro separando o povo brasileiro das suas perspectivas" - disse.

Quando perguntado pela candidata Marina Silva sobre a sua proposta de política social, ele disse que fará uma distribuição radical de renda, afetando aqueles que têm mais e reduzirá a jornada de trabalho, para que assim, as pessoas que não têm emprego possam ter e para as que já têm não sejam exploradas pela jornada excessiva de trabalho. Mostrou-se contrário à transposição do Rio São Francisco e à construção de Belo Monte.

"A transposição do Rio São Francisco é uma forma de entregar a economia do Nordeste ao agronegócio" - ressaltou.
A candidata Marina Silva quando perguntada pelo jornalista Ricardo Boechat o que acatará primeiramente no seu governo, caso seja eleita, educação, saúde ou segurança, disse que as três coisas não podem ser separadas, mas focará no primeiro momento na área da saúde. Lembrou das horas em que já passou nos hospitais esperando para ser atendida e criticou o Governo Federal e os Estados de não repassarem verba para os municípios investirem na saúde. Ressaltou a necessidade de aumentar o valor do PIB (Produto Interno Bruto) investido na educação, hoje em torno de 5% do PIB brasileiro são investidos na área educacional. Para ela, a desigualdade social pode ser atenuada com a igualdade de oportunidades na educação.

Ao ser perguntada pela candidata do PT à presidência sobre as suas estratégias para combater o crack, Marina disse que é fundamental políticas públicas de combate às drogas e retratou o uso do crack como uma doença à qual a população está submetida.

Sobre as suas propostas de governo, José Serra disse que reduzirá o tempo de espera nos hospitais públicos e criará um milhão de vagas em ensinos profissionalizantes. Ao responder a pergunta feita pela candidata Marina Silva sobre a sua experiência nesses últimos 16 anos (8 anos como situação e 8 como oposição), o candidato do PSDB disse que como situação trabalhou para os brasileiros e tratou a oposição como adversária e não inimiga.



"Eu jogo pelo Brasil" - afirmou José Serra.



O candidato do PSDB ainda falou que é a favor da jornada de trabalho ser definida por cada sindicato e que apoia lutas sindicais ligadas a essas questões. Respondeu ao candidato Plinio, dizendo que não aprova a anistia aos desmatadores.

Dilma Rousseff disse que não tem como escolher entre atender primeiramente a saúde, a educação ou segurança. Para ela, os três temas são os pilares da política pública dos país. Falou que irá melhorar a qualidade do ensino educacional e que é preciso aumentar o salário dos professores. Ela prometeu criar 6000 creches e aumentar o número de universidades públicas no interior. Dilma ressaltou a necessidade de ampliar o programa Brasil Sorridente, que é o tratamento dentário pelo SUS e expandir as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), prometeu criar 500 delas no Brasil.

O tempo de cada candidato foi respeitado entre eles, não houve discussões, cada um teve o direito de criticar e elogiar o governo atual e mostrar o seu programa de governo. O alto nível que os candidatos esperavam perpetuou durante o debate. Talvez a única coisa que tenha faltado é a igualdade no tempo e no espaço que foi concedido aos quatro, porém os que mais puderam falar foram os candidatos José Serra e Dilma Rousseff.